Lixo e falta de tratamento de esgoto ameaçam saúde da população no bairro da Areinha
- Saúde
- 13 de mai. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 5 de jun. de 2024
Condições sanitárias precárias geram preocupação e riscos à saúde dos moradores
Por: Ana Clara D’Eça, Geyce Costa, João Fernando, Juliana Prado, Murilo César e Yuri Almeida

Embora o saneamento básico seja um direito assegurado pela Constituição Federal, essa não é a realidade vivida por muitas famílias em São Luís. De acordo com levantamento do Instituto Trata Brasil, com base em dados mais recentes do SNIS (Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento), apenas 20,59% do esgoto da capital maranhense é tratado de forma adequada.
A falta de investimento do poder público é sentida no bairro da Areinha, localizado próximo ao Centro de São Luís, onde o acúmulo de lixo e ausência de esgotamento sanitário têm impactado a qualidade de vida dos moradores. Nonato Ferreira, 63, comerciante local, e Celi Jane Silva, 43, residente na área, testemunham a deterioração do ambiente e compartilham a mesma realidade: a convivência com o lixo e esgoto a céu aberto.
"Vocês tão vendo aí como é: o lixo [descartado irregularmente e não coletado pela gestão municipal] vem através do bueiro, causa problema de entupimento e prejudica até os esgotos das casas", relatou Ferreira.
Apesar da Prefeitura de São Luís informar na página institucional do Comitê Gestor de Limpeza (CGLU) que realiza a coleta e limpeza regulares de resíduos na comunidade, a realidade local é completamente diferente. O Canal da Areinha, que possui aproximadamente 600 metros de extensão e corta o bairro, acumula não apenas detritos, mas também dejetos humanos, expondo dezenas de famílias a um ambiente insalubre e perigoso.
“Isso aqui é um grande problema de contaminação, esse lixão a céu aberto. A comunidade sofre com isso, uma demanda já antiga, em relação a esse lixo aí. E só tem piorado, porque com as chuvas os lixos são jogados no meio da rua, e esse esgoto que deságua aqui nesse canal, ele abrange todas essas comunidades aqui em torno”, desabafou Ferreira, enquanto organiza suas mercadorias na quitanda.
Urubus e o mau cheiro são constantes no local, e o contato com urina de ratos e baratas se tornou uma preocupação constante para a população, que enfrenta risco de contrair doenças diarreias bacterianas ou virais e até enfermidades mais graves, como leptospirose, esquistossomose e dengue.
Celi Jane, que mora há seis anos em um casebre às margens do Canal da Areinha, compartilha da mesma preocupação. Atualmente desempregada, ela conta que no local já funcionou um bar, que encerrou suas atividades após promessas de melhorias nunca concretizadas pelo poder público municipal.
“Sempre dá [prazo para início das obras], né? Sempre dá, mas não é feito. Fica só na promessa. Só promessas. Isso é anos e anos. Nós aqui nunca fomos apertados, por causa da limpeza da gente, mas pra lá o lixo vem e tem bastante rato, né?”, lamentou.
No ranking do saneamento básico 2024 elaborado pelo Instituto Trata Brasil, a cidade de São Luís ocupa a posição 86, e está entre as 20 piores colocadas.
Commentaires